quarta-feira, 9 de abril de 2008

LIÇÕES DE UM HOMEM E UM GAVIÃO

Alguns autores criam histórias, outros são tão bons que fazem essas histórias virarem verdades. Mas existem outros mais exepcionais, esses têm a capacidade de tornar essas verdades em mitos que permanecem vivos na mente das pessoas. E, o jornaista Luiz Carlos Sarmento era um desses autores que são produzidos em pequena escala.

Ele poderia ter escrito as histórias das mil e uma noites, tamanha era a sua habilidade com a escrita, criatividade e genealidade. O jornalista e também professor José Argolo esta escrevendo um livro sobre Sarmento – Luiz Carlos Sarmento: Crônicas de uma cidade maravilhosa – que sai ainda este ano. Em palestra concedida a alunos da FACHA Argolo comentou “Se eu fosse escrever no livro todas as histórias do Sarmento ele seria enorme com mais de mil páginas e seria caríssimo”. Argolo teve acesso ao acervo de Sarmento após a sua morte. Seus trabalhos lhe foram entregue pela viúva de Luiz Carlos Sarmento.

LUIZ CARLOS SARMENTO

Um homem que gostava de escrever, de ser repórter, que não sabia mandar, tinha muitos amigos e inimigos, e o maior deles esteve ao seu lado por quase toda a sua vida, o alcoolismo. Chegava muitas vezes bêbado à redação e seus amigos o mandavam ir até a escuta (onde fica o rádio de polícia) para dormir, porque lá o editor olhava e pensava que ele estava apoiado na mesa.

Escrevia matéria antes do fato ter acontecido, mandava informações para outras redações pensando que era a sua, sumia quando ia fazer uma matéria fora da cidade, enfim, muitas histórias pa contar.

Morreu nos anos 90 em casa de infarto. Um mal diagnóstico no hospital Souza Aguiar nos levou essa figura que hoje está esquecida pela maioria dos membros de sua classe.

O GAVIÃO DA MESBLA

Sarmento trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro. Em uma de suas passagens pelo Jornal do Brasil, em 1959, ele inventou uma história, O Gavião da Mesbla. O jornalista era um ótimo bebedor. Em uma de suas saídas para um choppinho ele ouviu de um vendedor de pipocas que os pombos da Cinelêndia estavam sumindo. Pronto! História perfeita para um repórter não tão comprometido coma verdade absoluta.

Nos dias seguintes várias matérias foram publicadas falando sobre o gavião que comia os pobres pombos. A história foi aumentando e criando proporções maiores. O gavião ganhou um ninho, o relógico que ficava na torre do prédio da loja Mesbla, na rua do Passeio. A história criada por Sarmento fez vender muito jornal. A tiragem do jornal de 200 mil exemplares por dia passou para 800 mil. Mas, toda história precisa de um final. O editor do Jornal do Brasil na época mandou Sarmento dar um fim nessa história.

Dono de uma capacidade de criação extraordinária, o jornaista se transformou em diretor de teatro por um dia para o grande final do gavião. Sarmento contratou um homem e o caracterizou de caçador africano. Em pleno centro da cidade do Rio de Janeiro, este homem, armado caçava o animal. Uma equipe trabalhou com sarmento para armar a cena. Eles compraram um falcão Pelegrino empalhado e colocaram no alto da torre. O caçador ao avistar o animal deu um tiro. Um assistente de Sarmento empurrou o bicho que caiu duro abaixo da torre. Outro assistente já preparado jogou sangue de galinha no falção. O caçador e Sarmento foram até o local onde o animal estava e o trouxe enrolado em folhas de jornal. Tiraram uma foto que foi capa do jornal do dia seguinte.

O QUE UM VELHO JORNALISTA ENSINA PARA UM NOVO JORNALISTA

Luiz Carlos Sarmento proporciou para alguns alunos de jornalismo mais do que risadas de suas hilariantes histórias. Suas memórias perdidas com o tempo, mal preservadas pelos veiculos vez com que mergulhassemos no mundo das pesquisas. Metemos a mão na massa para desvendar um pouco sobre esse homem. Alguns foram mais além, outros nem tanto. Mas foi uma experiência possitiva, inegavelmente.

Aprendeu-se como ira trás da informação, apurar se ela é verídica, documentar e a contar suas descobertas. Tívemos exemplos de camaradagem, nas trocas de informações entre os colegas; dedicação, na procura pelos documentos; e sentimos orgulho, quando uma de nossas colegas apresentou o resultado de seu trabalho. Sentimos uma inveja positiva. Um sentimento como hoje não consegui, mas amanhã pode ser a minha vez.

Além disso, foi reforçada para alguns a certeza de que o jornalismo é o caminho certo a se seguir como profissão. Foi gostoso fazer este trabalho. Sentir o gosto de sair detrás dos livros e ir para as ruas atuar.

3 comentários:

Anônimo disse...

dpois leio tudo, q estou indo durmir! bjinhos athos :* Kell

Unknown disse...

Poisé né.

Gabriela Ferreira disse...

Fala Athos. Gostei do blog, viu?
Andei lendo suas matérias, e achei o espaço bem aproveitado. Só tome cuidados com alguns erros de português e pontuação, importantes para a carreira. Encontrei alguns logo no segundo parágrafo.
Fora isso, é bem legal. :)
beijos
Gabriela Ferreira
P.s.: Namorada do seu amigo Mandioca.