domingo, 6 de janeiro de 2013

A verdadeira história de Jerusalém Antigo

Seis de janeiro. Dia produtivo de muitos passeios. O primeiro foi uma visita ao Museu de Jerusalém. Logo na entrada há uma maquete da cidade na época do Segundo Templo. Para quem não sabe, a cidade foi destruída diversas vezes. O primeiro templo terminou na época do Rei Nabucodonosor e o segundo se encerrou em 70 DC. Enfim, a maqueta é sensacional. Sabe aquela na catedral da Universal do Reino de Deus, no Rio de Janeiro? Pinto perto dela.

Estava um frio muito absurdo. Saí de Bangu com 40 graus e aqui faz cinco, fora a sensação térmica. Hoje estava particularmente pior que estava ventando muito. Minha roupa de guerra foi: segunda pele (camisa e calça), calça jeans, blusa, moleton, casaco, touca, luva, cachecol e o gorro do casaco. Mesmo assim teve algumas horas em que bati queixos. Mas isso não é importante. Vamos voltar para a visita.

Nesse museu, além das maquetes, estão guardadas coisas muito importantes para os religiosos, em especial os cristões. Lá há pedaços originais de textos da bíblia. Nosso guia nos contou a história, de que no século passado, algumas escavações foram feitas e descobriram, senão me engano, sete textos completos enterrados dentro de jarros. Israel ficou com três e o Vaticano com o restante. Isso depois de algumas negociações.
O que se sabe é que nada se sabe desses textos que foram para a Igreja. O vaticano trancou os escritos nos seus cofres e nunca mais falou sobre isso. Israel deixou exposto nesse museu. Lá há um esquema de segurança muitíssimo interessante. Os textos ficavam em uma cápsula que em qualquer ameaça de ataca ela se trancaria e tudo ficaria preservado. Contudo, Israel também escondeu seus textos depois de ano.  Vaticano sofreu um ataque de pessoas que queriam roubar os escritos, por segurança, Israel preferiu preservar os textos. Porém, eles fizeram réplicas que estão expostas no mesmo lugar.
Depois dalí fizemos uma visita a uma montanha. Bom, para mim em especial foi magnífico. Fomos até um ponto de observação militar, onde há tanques e jipes abandonados. Subimos na guarita e Mestre Kobi (Israelense e que é nosso mestre de Krav Maga) nos explicou um pouco do conflito árabe-israelense. Em seguida ele nos apontou um muro. Esse muro é que separa Israel da Palestina, na parte da Cisjordânia. Bom, todo mundo sabe que sou louco por conflitos, sempre que posso me meto em um, mas estar nesse lugar, onde as coisas acontecem de fato, foi emocionante. Um dia volto a trabalho, quem sabe.
A hora avançava e fomos almoçar em uma aldeia árabe dentro de Jerusalém. No início foi uma decepção. O quibe era de espinafre, sei lá, era vegetariano. Mas depois veio uma Kafta e um franguinho, sensacionais.
Seguindo a lista de passeios do dia, fomos para um lugar triste saber mais sobre um acontecimento que jamais pode ser esquecido, o museu do Holocausto. Todos falaram que é um local triste e que dá um nó na garganta. A princípio nada abalou as minhas estruturas. Muitas fotos de judeus, nazistas, propagandas a favor de Hitler e contras os “ratos”, uniformes usados nos campos de morte (aqui eles não chamam campo de concentração). O museu é repleto de informações. No lado de fora um pouco distante do museu, tem um vagão de trem original que levava os judeus para os campos. Eles fazem questão de preservar isso.
O final da visita sim é um soco o estômago. Há uma sala com um buraco enorme no meio. Nessa sala há diversas pastas com informações que eles conseguiram sobre os mortos, como locais e datas de nascimento, nome e data de falecimento. Nessas pastas também há diversos livros, partituras, documentos, enfim, tudo relacionado aos judeus, para que aquelas pessoas não sejam esquecidas. E o imenso buraco no meio representa as pessoas que foram executadas e que não foram identificadas. É para que alguma forma, elas também não sejam esquecidas.
O mais triste desse passeio é o memorial das crianças. São apenas espelhos, algumas luzes e meia dúzia de fotos. Mas é impossível não se emocionar. O lugar é escuro, toca uma música triste ao fundo e vozes se revezam lendo o nome das crianças, a cidade que nasceram e a idade que morreram. Só para se ter uma ideia da quantidade de crianças mortas, para ler do primeiro ao último nome, sem repetir ninguém, leva quatro meses. Foram 1,5 milhão de crianças mortas.
Não é fácil ter acesso a esse tipo de informação e ficar indiferente. É por essas e outras que o trabalho do correspondente de guerra é importante. Não é pela adrenalina, status, blá blá blá, pelo menos para mim. É para que coisas ruins sejam noticiadas e elas não aconteçam mais. Para denunciar e evitar coisas ruins. Enfim, é assunto para outra hora.
Depois de uma visita pesada, mas indispensável de ser feita, fomos para um programa mais light. Uma breve descrição da história de Jerusalém no cinema. Uma empresa fez um cinema adaptada, com cadeiras que vibram, descem e sobem, que fazem esses movimentos de acordo com um filme de 30 minutos que é passado, contando tudo da cidade desde Abraão até a década de 60. O melhor é que isso fica na Casa do Jornalista de Israel.
Já era noite, muito frio, absurdamente frio, mas anda tínhamos mais um passeio, os túneis de Jerusalém Antigo. Na verdade esses túneis são nada mais nada menos que a Jerusalém de verdade, da época de Jesus.
Os israelenses estão escavando o lugar, por isso os túneis. Bom, o que aconteceu é que depois da destruição do Segundo Templo tudo foi soterrado. E na época das cruzadas, tanto cristãos como muçulmanos reconstruíram a cidade em cima das ruínas. Nesses locais onde hoje estão os túneis era onde existia a cidade. E é incrível como muita coisa está preservada. O caminho vai até uma espécie de banheira onde Jesus curou o paralítico. Isso está na Bíblia, procura lá.
Todo aquele passeio de ontem na via dolorosa, etc, etc, não aconteceu ali de verdade. Segundo o nosso guia, foi onde aconteceu, mas metros abaixo. Ok, vou acreditar porque me faz bem pensar que pisei no mesmo metro quadrado do filho do patrão. E fizemos todo esse passeio beirando a parte soterrada do Muro das Lamentações, que ainda está mais 18 metros para baixo.
Falando no Muro, hoje estive lá outra vez e agora com mais calma. Hoje, por não ser sábado, era permitido tirar fotos. Refiz meus pedidos e observei melhor o local. Alí é fé pura. Nada mais do que isso. Homens para um lado, mulheres para o outro e no meio disso tudo a fé explodindo. É um lugar bonito de se ver.

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