A chuva foi boa para eles, mas para nós, uma porcaria.
Iríamos andar de jipe, mas por causa do vento e da água, o passeio foi
cancelado. A alternativa que nos deram foi passar meio-dia em um SPA, em frente
ao Mar Morto. Ok, opção legal. O problema é que depois de 21 anos, choveu no
deserto. Inacreditável ver isso. Você viaja 19 horas para chegar no deserto e
chove. Não sei se é azar ou sorte.
No caminho para o SPA paramos em uma loja de produtos de
beleza com ingredientes do Mar Morto. A mulherada fez a festa. Teve gente
gastando 600 dólares. O lance foi tenso.
E chegamos no SPA. Toalhinha para todo mundo, lá fora um
frio do cão e caímos no Mar Morto. Quem ía perder a oportunidade? Meu amigo, a
água estava congelante, acho que não existe maneira melhor de definir. Mas foi
bacana. Lá tem tanto sal que você não afunda. E lembrando que o Mar está a 400
metros abaixo do nível do mar, de fato. A sensação é muito boa. Já havia
experimentado isso na Laguna Cejar, no Chile.
Aproveitamos um pouco do SPA e foi até engraçado. Um monte
de dia com cara de muçulmano, com aqueles chapéus e de sunguinha e roupão.
Almoçamos por lá mesmo. E até tocou Michel Teló no celular da tia que estava na
mesa ao lado, coisas do mundo globalizado.
Pegamos o caminho do deserto mais ainda. Fomos andar de
camelos e nos hospedar em ma tenda beduína em Arar. Mas, nossa, como choveu nesse
deserto. Muita água. Chegamos lá e andamos rapidamente de camelos porque estava
ventando muito. Nessas condições os bichos se assustam e costumam procurar
abrigo. Foi rápido, mas a experiência foi legal.
Entramos no hotel, que na verdade a tenda é um hotel, e
fomos ver o estilo de vida dos caras. Os beduínos são os árabes que vivem no
deserto. Originalmente eles eram nômades, sempre se mudando atrás de comida e água.
Atualmente a maioria já se estabeleceu em pontos fixos.
Eles contaram que adoram visitas e as recebem com três
xícaras de café com dois goles em cada. E que não perguntam quanto tempo à
visita irá ficar. Se ficar de sapatos é visita rápida e se tirar é porque vai
dormir. E quando eles acham que está na hora da visita tomar o caminho da roça
e ela não se toca, eles oferecem uma xícara de café cheia até o talo.
Tradições. Isso quem os explicou foi um baduíno que nos serviu café.
Nos acomodamos todos em colchonetes no chão em uma tenda
feita de pele de carneiro, como são feitas as do deserto. Eles escolheram assim
porque a pele do bicho é oleosa. Ou seja, quando chove, nada entrada. Mas para
a nossa sorte tinha um aquecedor lá dentro.
Fomos jantar e eu soltei uma pérola: “nunca comi comida de
babuíno”. Dei mole. Mas até que estava legal. Frango e carne estilo kafta. Show
de bola. O resto do dia foi ficar em volta de uma fogueira, num frio danado e
ir dormir 21h. O legal era que o banheiro ficava do lado de fora, e longe. Fui
esperto e coloquei uma bexiga externa do meu lado. Santa garrafinha de água.
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