terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Chove no deserto

Sete de janeiro. Nossos últimos minutos em Jerusalém e como não podia deixar de ser estava um frio polar. Nos foi dito que em Israel chovem apenas 28 dias no ano e estava caindo um pequeno dilúvio. Os brasileiros trouxeram a chuva, os israelenses nos amam desde então.

A chuva foi boa para eles, mas para nós, uma porcaria. Iríamos andar de jipe, mas por causa do vento e da água, o passeio foi cancelado. A alternativa que nos deram foi passar meio-dia em um SPA, em frente ao Mar Morto. Ok, opção legal. O problema é que depois de 21 anos, choveu no deserto. Inacreditável ver isso. Você viaja 19 horas para chegar no deserto e chove. Não sei se é azar ou sorte.

No caminho para o SPA paramos em uma loja de produtos de beleza com ingredientes do Mar Morto. A mulherada fez a festa. Teve gente gastando 600 dólares. O lance foi tenso.
E chegamos no SPA. Toalhinha para todo mundo, lá fora um frio do cão e caímos no Mar Morto. Quem ía perder a oportunidade? Meu amigo, a água estava congelante, acho que não existe maneira melhor de definir. Mas foi bacana. Lá tem tanto sal que você não afunda. E lembrando que o Mar está a 400 metros abaixo do nível do mar, de fato. A sensação é muito boa. Já havia experimentado isso na Laguna Cejar, no Chile.
Aproveitamos um pouco do SPA e foi até engraçado. Um monte de dia com cara de muçulmano, com aqueles chapéus e de sunguinha e roupão. Almoçamos por lá mesmo. E até tocou Michel Teló no celular da tia que estava na mesa ao lado, coisas do mundo globalizado.
Pegamos o caminho do deserto mais ainda. Fomos andar de camelos e nos hospedar em ma tenda beduína em Arar. Mas, nossa, como choveu nesse deserto. Muita água. Chegamos lá e andamos rapidamente de camelos porque estava ventando muito. Nessas condições os bichos se assustam e costumam procurar abrigo. Foi rápido, mas a experiência foi legal.
Entramos no hotel, que na verdade a tenda é um hotel, e fomos ver o estilo de vida dos caras. Os beduínos são os árabes que vivem no deserto. Originalmente eles eram nômades, sempre se mudando atrás de comida e água. Atualmente a maioria já se estabeleceu em pontos fixos.
Eles contaram que adoram visitas e as recebem com três xícaras de café com dois goles em cada. E que não perguntam quanto tempo à visita irá ficar. Se ficar de sapatos é visita rápida e se tirar é porque vai dormir. E quando eles acham que está na hora da visita tomar o caminho da roça e ela não se toca, eles oferecem uma xícara de café cheia até o talo. Tradições. Isso quem os explicou foi um baduíno que nos serviu café.
Nos acomodamos todos em colchonetes no chão em uma tenda feita de pele de carneiro, como são feitas as do deserto. Eles escolheram assim porque a pele do bicho é oleosa. Ou seja, quando chove, nada entrada. Mas para a nossa sorte tinha um aquecedor lá dentro.
Fomos jantar e eu soltei uma pérola: “nunca comi comida de babuíno”. Dei mole. Mas até que estava legal. Frango e carne estilo kafta. Show de bola. O resto do dia foi ficar em volta de uma fogueira, num frio danado e ir dormir 21h. O legal era que o banheiro ficava do lado de fora, e longe. Fui esperto e coloquei uma bexiga externa do meu lado. Santa garrafinha de água.

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